segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A MÃO INTANGIVEL DO AVESSO

A dias não tenho tempo de acontecimento, as horas se arrastam lesmamente durante o dia e a noite,
Por acaso achei uma lembrança escorada dentro de um livro, dez vezes relembrei, dez vezes li, dez vezes chorei.
Nós somos o passado e o futuro, não temos vinculo com o presente, hoje já não tenho o amor das tias, das avós, dos primos, hoje estou resistindo a minha própria existência, não tenho demora de conversações.
Meus amores estão todos fracassados e escritos em cima da mesa, minha bebida acabou, minhas amantes esqueceram o caminho de volta, meus amigos estão todos por aí, espalhados sabe lá Deus por onde.
Minha máquina Olivetti é a única coisa que ainda faz barulho neste quarto.
O universo se abriu na escuridão crepuscular, os sonhos de Vang Gogh e Antonin Artaud estão enferrujados dentro de uma garrafa de Whisky vazia.
Hoje eu pressinto a morte de todos os poetas, os mortos e os ainda vivos e me recuso a esperar para ver a minha.
A porta do possível e do impossível está escancarada, agora eu acredito que a verdadeira vida é a vida fora da matéria, em um ligeiro espaço entre o tudo e o nada é que nós existimos.
Minha mão trepida por abstinência, a consciência natural em que vivemos é limitada, eu quero sentir o infinito correr nos meus olhos, o inatingível tocar meu corpo, quero me embriagar lendo Bukkovisk, Ginsberg, Leno, Burroughs, Kerouac, Marcelo, Whitman, Raina, Neruda, Manoel de Barros, Augusto, O’Hara, Rimbaud, Tamyres, Fernando Pessoa, Arcanjo, Raine...
E por todos aqueles que não foram lembrados.


Diego Rocha

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