quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Nas tardes onde deito ao pé de mim mesmo
É porque o pensamento é de bugre
E chove dentro dos vasilhames que ficam jogados no fundo do quintal.
No muro de casa existem três camadas de gente,
Meu vizinho disse que de noite é possível catar conversas pela parede,
Que o barro serve para umedecê-las e tratar da pose de lagartixa,
Quando não há visita fico besta de conversar com os grilos
E ouvir de seus “cri-cri-cris” uma verdade única,
Como uma criança que alcança os olhos de alguém com apenas um sorriso,
Agora chove fino no telhado de barro que resiste lentamente ao Sol,
Na biqueira das telhas tem uma sabedoria de moleque
Que quando molha, não há que se fazer nada se não deixar-se.
Dentro de casa é assim, as paredes se comunicam entre o teto e o chão,
Minha casa não parece saber ser igual às outras,
É de chover dentro, de guardar ninhos, de amadurecer aranhas,
É pequena para o necessário, confortável para o convívio,
E é tão bem feita que basta eu morar nela.

Diego Rocha do livreto “Andrajos”
17/02/2010

3 comentários:

  1. Diego, me emociona muito esse poema. emociona pq constroe imagens tão familiares p mim e tem um jeito de dizer as coisas q eu gosto muito q lembra manoel de barros.

    vamos fazer parcerias, sim! devo ir em belem em dezembro e minha mae mora em marituba. vamos conversando até lá.
    parabens pelo teu trabalho.

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  2. Obrigado!
    Obrigado por aceitares o convite e por lembrares do grande e saudoso Manoel de Barros, pois ele é atualmente minha principal influência literária, espiritual, filosófica, imaterialista, permeável, insignificante, abjeta ...
    Conversaremos sim e quando vieres a Marituba materializaremos o imaterial.
    Agora temos que ver o primeiro passo (enviar-te os poemas para que você leia-os?.

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  3. Lembra mesmo Manoel de Barros.Muito singelo,lindo pela simplicidade.

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